sábado, 16 de abril de 2011

VIDA EM POUCAS LINHAS

Leonardo da Vinci, artista da renascença, desenvolveu a técnica do sfumato. Consistia simplesmente na arte de graduar tons de tonalidades intermediárias entre o corpo representado numa tela e o ambiente que o envolve.

O sfumato permitiu representar artisticamente os limites entre os corpos e o meio de forma a se aproximar da realidade da natureza, sem traçar linhas artificiais.

Assim, os corpos, humanos ou outros, passaram a dialogar com o universo, com a natura, de forma harmoniosa. E esse diálogo deve nos fazer lembrar que na vida real todas as coisas estão em relação umas com as outras. Não existe sob o cosmos uma delimitações absolutas entre as coisas, como na ciência, por exemplo.

Sem exagerar na medida, dá pra aplicarmos essa ideia do velho Da Vinci às nossas vidas, sem exagerar na medida, sem carregar nas cores...

Vejamos: o que é a vida, as nossas vidas humanas senão aquilo que Sartre chamou de caminho existencial para a morte? Se concordamos com essa noção, onde botamos as misérias do cotidiano, as rotinas do trabalho a superficialidade das relações sociais, as dores e os prazeres humanos?

Talvez a resposta a tudo isso seja o que Valter Benjamim disse sobre a possibilidade da experiência
humana, no sentido de que a esmagadora maioria da espécie humana passa pela vida sem vivenciar experiências humanas em profundidade, sem atingir a potencialidade que a humanidade desenvolveu em em potencial durante os milênios de sua historia.

Sim, penso que é isso. Que uma vida plena deve ter a intensidade da experiência humana profunda,
que dê sentido à nossa efêmera trajetória do nascimento à morte, sempre matizada por uma consciência à moda do sfumato, que perceba as relações existentes entre os eventos da vida... sem artificialidades....

No mais, a resposta é viver, intensamente.

Julio

15/4/2011